Pensamentos líquidos 43

Gostos

É difícil racionalizar algumas das minhas preferências. Aparentemente são até incoerentes entre si, mas estou convicta que há uma racionalização possível.

Uma aplicação ao desporto

Na generalidade gosto de pessoas talentosas, mas pessoas nas quais seja evidente o trabalho a que o talento está sujeito. O Phelps é um bom caso. O Quaresma outro. E o Nadal, sim, o Nadal, outro.

Mas, por muito que reconheça o talento do Federer, não nego que me irrita. E não é o Federer pessoa, que parece ser terrivelmente agradável. Só me irrita o Federer-jogador-de-ténis-que-parece-não-precisar-de-se-esforçar-para-ganhar-torneios.

Estava a olhar para o quadro do Campeonato Mundial de Snooker e penso, muito rápido «só espero que o Robertson ganhe» e porquê? Porque vai jogar com o O’Sullivan e o O’Sullivan também me irrita. Um bocado pelo mesmo motivo, aqui com umas falhas mais evidentes do O’Sullivan que, muito humano, admitiu que a pressão o estava a destruir.

Curiosamente, sempre tive um fascínio enorme pelo Ullrich em quem, talvez, o esforço que referi há pouco seja muito pouco visível, se existente. Foi-o, porventura, no início de carreira e talvez isso justifique eu ter continuado a admirá-lo. Mas custa-me explicar porque é que nunca simpatizei com o Armstrong. Se dissesse “o sucesso”, faria muito pouco sentido. Eu, uma das cinco pessoas em Portugal, que gostava do Schumacher.

Mea culpa, mea culpa. Há aqui incoerências estranhíssimas, mas ainda não desisti de as tentar perceber. Decerto têm justificação. Far-vos-ei uma actualização quando conseguir.

Deixo-vos uma entrevista ao Federer (e, sim, sim, ele é mesmo simpático…), na qual ele fala do seu momento actual em terra batida, da relação com o Nadal e de outras coisas giras a tão pouco tempo do início do Roland Garros.

PS.
Não tentem dizer-me que este tipo de coisas não se explica e que se gosta só porque sim. Não compro. Gosta-se por motivos. Só precisamos de saber quais são.

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