Poemas 16

Egoísmo só

Na minha concha de narcisismo,
existo eu e pouco mais.
Angustiada, reconheço o egoísmo
de contemplar vizinhos corais.

No barco que passa por cima de mim
flutua um anzol, traiçoeiro fim.
De lodo e medo, eu vislumbro o chão
Que me puxa, ténue, suave tentação.

Só. Digo adeus ao que é feliz;
contágio provável, algo me diz.
Águas azuis de contundente dor.

Escondo. Minto. Mas procuro amor.
Vida que passa ao lado, por mim.
Concha fechada, abre por fim!

[Agosto de 2001]

Sem comentários: