Pensamentos líquidos 92

A geografia da felicidade

Nos últimos dias tenho-vos mostrado citações de um livro. Um livro escrito por um “happiness seeker”, mas também um “happiness thinker” – Eric Weiner. Um livro de um leigo sobre o estudo da felicidade. Um livro delicioso.

O estudo da felicidade não é, nas ciências sociais, um campo de pensamento muito antigo, ainda que pareça. Talvez por ter sido sempre um tema de interesse à filosofia… mas na sociologia, na antropologia, na psicologia, sempre se privilegiou o estudo do comportamento e não das relações causais entre as variáveis de interesse e a felicidade. Ramos pouco reconhecidos da economia tentaram, nas últimas décadas, explorar essa relação. Mas parece-me que os economistas mainstream continuam a achar que estes são ramos pouco legítimos desta ciência.

Para mim, que estou farta de macro, de micro, de política monetária e, acima de tudo, de finanças, adoro a ideia de ter a economia penetrada por ideias tão subtis e interessantes como o estudo da felicidade. Daquilo que investiguei, o centro europeu abarca a maior parte dos economistas estudiosos da felicidade: Holanda, Suiça… e é curiosamente na Holanda que o livro de Weiner começa: nos dados que existem sobre a relação entre geografia e felicidade.

Weiner permite-nos embarcar numa viagem absolutamente incrível. Pelo menos, eu embarquei com ele. Talvez seja algo muito inato: como Weiner diria, eu sou, provavelmente, uma desadequada cultural, uma emigrante hedónica. Mas independentemente do que qualquer um de vós é, acho importante dizer-vos: leiam, nem que seja por curiosidade: vão viajar da Holanda aos Estados Unidos, passando por sítios tão diversos como o Qatar, o Butão, a Moldávia, a Islândia ou a Índia. E vão ver que sendo ou não emigrantes hedónicos, podem sempre ser curiosos hedónicos. E ainda que não fiquem com a curiosidade aplacada, ficarão decerto mais ricos. Hedonicamente.
a

Apontamentos fugazes 121

Acerca da surpresa islandesa

«O mais elevado elogio que um estrangeiro fez alguma vez à Islândia teve lugar quando, no século XIX, um dinamarquês de nome Rasmus Christian Rask delcarou ter aprendido islandês “para ser capaz de pensar”».

«– Sim, na Islândia, o insucesso não acarreta um estigma. Na verdade, nós, em certa medida, até admiramos os insucessos.
(…)
Nós, os americanos, gostamos de pensar que também abraçamos o insucesso, e é verdade, até certo ponto. Gostamos de uma boa história de insucesso, desde que ela acabe com sucesso. (…) Nestas histórias, o insucesso serve meramente para adoçar o sabor do sucesso. É a entrada. Para os islandeses, no entanto, o insucesso é o prato principal.»

«Aqui está o líder da fé pagã da Islândia a dizer-me que toda a religião pode ser uma confusão mental. Isto é o mesmo que o papa dizer “Pode ser que a Bíblia seja um monte de disparates, mas pelo menos é qualquer coisa para acreditarmos.” Contudo, é isso, precisamente, o que Gilmar está a dizer. Não é aquilo em que acreditamos que nos faz felizes mas o acto de acreditar.
(…)
Ao contrário dos deuses da mitologia grega e romana, [os deuses nórdicos] raramente disputam entre si o controlo sobre os humanos ou os heróis semidivinos, nem gozam da complacência da imortalidade.»

«E, no entanto, ao longo dos anos, tenho conhecido muitas pessoas como Jared, que parecem sentir-se mais em casa, mais felizes, vivendo num país que não aquele em que nasceram. Pessoas como Linda, no Butão. Ela e Jared são refugiados. Não refugiados políticos, fugindo a um regime repressivo, não refugiados económicos, atravessando a fronteira em busca de um emprego mais bem pago. São refugiados hedónicos, porque são mais felizes ali. Normalmente, os refugiados têm uma epifania, um momento de grande claridade quando constatam, para lá de qualquer dúvida, que nasceram no país errado.
(…)
Cada sociedade precisa dos seus inadaptados culturais. São essas pessoas – aqueles que são parcialmente, não totalmente, alienados da sua própria cultura – quem produz grande arte e ciência.»

Eric Weiner, «A geografia da felicidade», Lua de papel, pp. 185, 192, 204, 209
a

Apontamentos fugazes 120

A propósito da felicidade no Butão

«E lá está ela de novo: a morte. Um assunto que, estranhamente surge com terrível frequência na minha busca da felicidade. Talvez não possamos mesmo ser felizes sem primeiro aprendermos a conviver com a nossa mortalidade. »

«Linda explica que muitos homens butaneses fazem retiros de meditação que duram três anos, três meses e três dias, (…) Durante três anos três meses e três dias não fazem outra coisa senão meditar. Nem mesmo cortar o cabelo.
– Durante três anos não falam.
Isto para mim era logo um obstáculo intransponível. O máximo de tempo que estive sem falar foi nove horas. E na altura estava a dormir.
O governo manda estender linhas eléctricas até às pequenas cabanas de madeira, empoleiradas na beira de um penhasco, onde os homens fazem a sua meditação.
– Que outro país gastaria cem mil dólares para electrificar um lugar minúsculo nas montanhas? Diriam logo “não, não, se quiser vem cá a baixo.»

«O PDB [Produto Doméstico Bruto] não regista, como disse Robert Kennedy, “a beleza da nossa poesia ou a solidez dos nossos casamentos ou a inteligência do nosso debate público”. O PDB mede tudo, concluiu Kennedy, “excepto aquilo por que vale a pena viver.
(…)
A Felicidade Interna Bruta [FIB] é uma ideia inicialmente sugerida pelo rei Wangchuk do Butão, em 1973. No entanto, ela só se popularizou quando, em 1986, um jovem e inteligente jornalista de nome Michael Elliot entrevistou o rei para o Financial Times.
(…)
A FIB, explica-me Penjor [proprietário de um hotel no Butão], “significa conhecermos as nossas limitações; sabermos o quanto é suficiente”. (…) Como diz o economista renegado E. F. Schumacher: “Há sociedades pobres que têm muito pouco. Mas qual é a sociedade rica que diz ‘Chega! Já temos o suficiente?! Nenhuma. (…) Como diz Schumacher “quanto mais rica é uma sociedade, mais difícil se torna para ela realizar coisas válidas que não impliquem uma contrapartida imediata.
(…)
Estabelecendo ainda outro paralelo com Shangri-La, atentem neste diálogo entre Miss Brinklow, a missionária britânica, e Chang, o inescrutável anfitrião de Shangri-La.
– Que fazem os lamas? – pergunta ela.
– Dedicam-se, minha senhora, à contemplação e à busca da sabedoria.
– Mas isso é não fazer nada.
– Então não fazem nada, minha senhora.»

«O Butão não é Shangri-La, disso tenho a certeza, mas é um lugar estranho, peculiar, em pequena e larga medida. Aqui ficamos confusos e, quando isso acontece, abre-se uma brecha na nossa armadura. Uma brecha que, se tivermos sorte, pode ser suficientemente grande para deixar entrar alguns raios de luz.»

Eric Weiner, «A geografia da felicidade», Lua de papel, pp. 92-93, 95-97, 116

Apontamentos fugazes 119

Sobre a felicidade dos suíços

«Os suíços detestam falar de dinheiro. Para eles é preferível falar das verrugas genitais do que ter que revelar o valor do ordenado.»

«Precisamos de uma nova palavra para descrever a felicidade suíça. Algo mais do que simples satisfação, mas menos do que alegria absoluta. Satilegria, talvez.»


Eric Weiner, «A geografia da felicidade», Lua de papel, pp. 46 e 64.

Apontamentos fugazes 118

Cafés


«A comida e o café propriamente ditos quase nem são importantes. Certa vez, ouvi falar de um café em Tel Aviv que dispensava a comida e a bebida; servia pratos e chávenas vazios aos clientes, mas cobrava-lhess dinheiro verdadeiro.»

Eric Weiner, A geografia da felicidade, Lua de papel, pp.17
a

Ressaca

Estou sem internet há semanas.

Estou a ressacar.

Espero em breve voltar a usufruir do vício.

I need it.
a

Grito 3

«Na primeira pessoa Omer Goldman

Ela tem 19 anos. Regressa hoje a uma base militar para um terceiro ciclo de 21 dias de detenção. Recusa-se a servir num "exército de ocupação".»

Leiam a edição impressa do Público de dia 05 de Novembro. Leiam a experiência de uma rapariga que não aceitou só o que lhe diziam ser certo e duvidou. Leiam como a força às vezes pode fazer diferenças. Leiam-na.

E, eventualmente. Se quiserem. Escrevam-lhe.

«Ficarei muito feliz se me escreverem. A minha morada nos próximos dias é esta:
Omer Granot
Military ID 5398532
Military Prison nº 400
Military Postal Code 02447, IDF
Israel»

Grito 2

Hoje é um dia de esperança.

Yes, we can.



[2ª parte do discurso de vitória de Obama]



[Discurso, de McCain, de reconhecimento da vitória de Obama]

Grito 1

Mulher, "acusada" de adultério, lapidada na Somália

Um dia depois de me terem dito uma coisa tão inesperada e respeitadora dos direitos humanos no Níger, leio isto sobre as mílicias Somalis. Deve ser para me lembrar que não se deve incentivar a esperança.
a

Trivialidades 161

O que é que um dromedário melómano diz a um camelo?

Olha uma Bossa-Nova.
a

Apontamentos fugazes 117

Ai de ti...

«(...) Ai de ti e de todos que levam a vida
A querer inventar a máquina de fazer justiça

[copyright devido ao Alberto Caeiro, FP]

Sabem o que vos digo? Ai de ti e de todos que fazem isso. Ganham muito menos do que perdem. Mas façam-no. Se não forem vós, poucos mais o farão. Mas façam-no apenas até não se tornarem mártires da vossa causa.

Nenhuma justiça vale uma vida.

Interregno

Por mudança de serviço de internet.
a

Apontamentos fugazes 116

Como as coisas andam


[Jean-Claude Trichet, Ben Bernanke, Mervin King]

Apontamentos fugazes 115

Senhores só há dois: o Eriksson e o Carlos do Carmo.
a

Apontamentos fugazes 114

Antes uma idealista sofredora que uma realista indiferente.
a

Homenagens 40

Mighty Meryl in Mamma Mia


[Main songs from Mamma Mia’s soundtrack]

Recomendações 30

Um combate do Remy Bonjaski

Já devem ter reparado que gosto de desportos de combate, essencialmente aqueles que envolvem artes marciais. Aliás, é por isso, que já vos falei do K-1. E do Remy, se me lembro correctamente. Aproveito agora para vos mostrar por que é que gosto tanto dos combates dele. É só verem os vídeos abaixo…





E, já agora, o motivo pelo qual ele devia estar (e passa a estar agora) no meu ciclo de hunks.


Trivialidades 160

Ciclo hunks – Pharrell Williams

Apontamentos fugazes 113

O meu defeito mais vil é também a minha maior qualidade: vingança.
a

Poemas 28

Soneto sem razão

Quis responder à tua pergunta oculta
mas partiste antes de a poder conhecer,
foi uma tentativa incerta de algum prazer,
mas resultou só numa ausência indulta.

Foram poucas as palavras por ti ditas,
mas só para mim, e é já a inconcretização
que me aniquila este sonho sem razão
na realidade já longe de histórias bonitas.

Eu sou medo e tu, tu tens medo de mim
ficas longe, mesmo quando perto
e seremos sempre impossíveis

nas nossas diferenças intransponíveis
mesmo naquele momento incerto
em que a tua pergunta desconhecia o fim.

[Março de 2005]

Apontamentos fugazes 112

Crises

Não sei se já vos disse… mas DETESTO CRISES. Será que os bancos não podem receber uns depósitozinhos, conceder uns créditozinhos e deixarem a minha vida em paz?
a

État d'esprit

[Radiohead, Climbing up the walls]

Apontamentos fugazes 111

Rita’s anatomy

A partir de hoje, se temos antebraço, passamos também a ter anteperna.
a

Recomendações 30

Jim Moray's Low culture




[Lucy Wan, Jim Moray]



[Jim Moray, All you Pretty Girls]

Apontamentos fugazes 110

O grito

Palestinianos, iraquianos, sarauís: todos sacrificados à mesma paixão, a paixão do Ocidente pelo ouro negro. Como fazer frente a um exército de gananciosos quando, para lutar, não temos outra arma que não seja o grito? Será que um grito pode perfurar a rocha surda? Preferia morrer por alguma coisa a viver assim que é como não viver. Preferia morrer de pé a viver de joelhos, como disse o Che.»

Lucía Etxebarría, “Sem terra” em «Uma história de amor como outra qualquer», Editorial Notícias, pg. 287

Apontamentos fugazes 109

Querer morrer

«Penso que, se não tem sido a psicóloga e Alessia, me teria suicidado. Mas não me suicidei. Não tinha coragem para o fazer, e para morrer não basta desejá-lo. Tu queres morrer, mas o teu corpo empenha-se em ir em frente. O corpo queria continuar a viver, abria caminho laboriosamente em direcção à vida, o coração batia, o sangue circulava, os pulmões expandiam-se e contraíam-se, era como fazer um cruzeiro num barco de recreio, em que não tens que te preocupar com o avanço ou o funcionamento do navio porque para isso está lá a tripulação, seres anónimos da casa das máquinas que fazem com que tudo siga em frente. Mas eu sentia-me passageiro e não capitão, um capitão assustado e fechado no seu camarote quando deveria estar na ponte de comando, a dar ordens, decidindo que rumo tomar.»

Lucía Etxebarría, “Mal acompanhada” em «Uma história de amor como outra qualquer», Editorial Notícias, pg. 256

Homenagens 39

(Para as) Criatura(s) da noite



[Entre Aspas]

Apontamentos fugazes 108

Orgulho

«De modo que me levantei de imediato e, esticando a exígua saia como bem ou mal podia, disse-lhe que não me sentia bem e precisava de voltar para casa, sozinha. Adeus, Gael, guarda esses lábios para o caso de eu voltar no próximo Verão, disse-lhe sem o dizer, mais para mim própria, porque acabava de descobrir que existe um sentimento humano mais poderoso do que a obsessão.
O orgulho.»


Lucía Etxebarría, «Uma história de amor como outra qualquer», Editorial Notícias, pg. 63

Apontamentos fugazes 107

Realidade da ficção

«Esta história é real? Talvez vás pensar que o que te estou a contar aconteceu efectivamente. Mas esta história não corresponde à realidade mas sim à minha reconstrução da realidade, porque, a partir do momento em que é a minha memória que a reinterpreta, e põe e tira ao compasso dos seus caprichos, está história não é real, mas sim uma mera ficção literária. O hábito literário altera pormenores, intercala traços circunstanciais e modifica as ênfases, ou pelo menos foi isso que disse o escritor cego de que tu e eu tanto gostamos, e por isso penso que podes gozar o que lês sem te preocupares demasiado com a veracidade ou exactidão do narrado.»

Lucía Etxebarría, «Uma história de amor como outra qualquer», Editorial Notícias, pp.187

Pensamentos líquidos 91

Vices do futuro presidente norte-americano

Gostava de vos falar com mais conhecimento dos discursos feitos. Por isso vou reduzir o que escrevo a um pequeno comentário sobre as escolhas, dos candidatos democrata e republicano, Obama e McCain, dos Vice-Presidentes.

Foram escolhas lógicas, que tentam ir buscar ao Vice aquilo que o futuro presidente é acusado de não ter. Obama foi buscar um democrata conservador (Joe Biden), perto da igreja e com muita experiência internacional e mesmo “militar”. Obama ainda pôde jogar o fenómeno família “Clinton”. McCain fez o mesmo, mas em simétrico, foi buscar uma mulher (Sarah Pallin) que amenizasse o ar duro de combatente do Vietname que ele tem, mas porventura mais conservadora do que ele: também uma “mulher de fé”, contra o aborto e o casamento gay e favor das armas. Segundo o que li, é uma mulher que defende o valor da “vida” e curiosamente é a favor do porte livre de arma. Coerências.

Para mim estas duas escolhas pioraram qualquer das candidaturas, mas não nego que são aquelas que tinham que ser. Se cada um deles quer ganhar.

Não sei o que isto vai dar. Mas é das eleições mais interessantes que me lembro de viver.

PS. Há qualquer coisa de muito eloquente em Obama. E foi muito bem jogado ter discursado no aniversário do célebre discurso do sonho de Martin Luther King. Muito sinceramente, espero que seja o sonho de Obama que se torne realidade.
a

Apontamentos fugazes 106

«It’s so heartbreaking, violence, when it’s in a house – like seeing the clothes in a tree after an explosion. You may be prepared to see death but not the clothes in the tree.»


Philip Roth, «The plot against America», Vintage, pp. 296

Apontamentos fugazes 105

Independentemente da opinião, algo para o Hitler pensar

«Neither was their being Jews a mishap or a misfortune or an achievement to be “proud” of. What they were was what they couldn’t get rid of – what they couldn’t even begin to want to get rid of. Their being Jews issued from their being themselves, as did their being American. It was as it was, in the nature of things, as fundamental as having arteries and veins, and they never manifested the slightest desire to change it or deny it, regardless of the consequences.»


Philip Roth, «The plot against America», Vintage, pp. 220

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Homenagens 38

Os meus ginastas “pós-Nemov” que dizem ter “falhado” nos JO

Fabian Hambuechen com o seu exercício de barra fixa



[Exercício que lhe valeu o ouro em Estugarda]

foi só 3º na barra fixa, 4º no solo, 4º nas paralelas e 7º no all-around


Marian Dragulescu num exercício já antigo de solo



foi só 4º no cavalo e 7º no solo.

Pensamentos líquidos 90

Se fosse comigo levavam um murro de profissionalismo

Parece que ontem o presidente do comité olímpico português acusou os atletas portugueses de “falta de brio e profissionalismo”. Que curioso, para ele e para os outros elementos do comité que nunca se levantaram às 5 da manhã para treinar (porque a essa hora as perninhas deles também queriam era estar na caminha), que nunca vomitaram depois de um treino, que nunca treinaram sozinhos em dias onde apetece tudo menos treinar... Uma pergunta: por acaso, eles esforçam-se também para dar aos atletas as condições ideais para um bom desempenho? Não só as infra-estruturas necessárias à prática das modalidades, mas também apoio, quer psicológico quer financeiro, porque os atletas portugueses, na sua grande maioria, não são profissionais. Ah, é talvez por isso que os acusam de falta de profissionalismo! Deve ser.

Nunca ninguém se questionou qual a modalidade, em geral, onde os portugueses atingem um melhor desempenho? Atletismo, é claro, fundo e meio-fundo. Muito simples. Porque os atletas treinam na rua e em condições paupérrimas que dão um óptimo treino!

Hoje, o velejador Gustavo Lima, que terminou em 4º, a um ponto do pódio, afirmou que nestes últimos 4 anos, se não fosse outro atleta, tinha treinado sempre sozinho. E sem apoios entenda-se. Onde ficou o projecto Pequim para ele? Talvez tenha sido o vento que o levou.

Para melhorar ainda mais há os comentários de atletas acerca da prestação de outros atletas. Eles, mais do que ninguém, deviam estar cientes do sacrifício que é ser atleta de alta competição e pensar no que se abdica em detrimento da preparação para uns Jogos Olímpicos, por exemplo. Eu não acredito que nenhum atleta vá para uns Jogos e não queira fazer o seu melhor.

Os maus resultados, na grande maioria, não têm um culpado. Ninguém mais do que o próprio atleta quer que a prestação seja a melhor. E ninguém fica mais desiludido do que o atleta se tudo corre mal. Por isso, pensem (o que eu acho nitidamente complicado para pessoas que compram o jornal com o Yannick na capa depois de 2 golos quando o Phelps vem num quadradinho pequenino no canto depois de ter ganho 8 medalhas de ouro) no que dizem e em vez de culparem os atletas, fiquem calados e abstenham-se de comentários. E acho bem melhor admitir que as pernas tivessem querido a caminha do que criticar prestações alheias.

Num país adepto de futebol como Portugal (esses “atletas” que quando têm dois joguinhos de 90 minutos na mesma semana já os misters têm de fazer rodar o plantel), ninguém me explica então porque é que eu não vi a selecção portuguesa nos jogos olímpicos? E por que é que os comentadores desportivos de outras modalidades utilizam expressões futebolísticas para os comentários? Devem ter um complexo de inferioridade qualquer!

Só mais uma coisa. O meu especial apreço aos atletas, a todos sem excepção, pelos sacrifícios que têm de fazer todos os dias pela vossa modalidade. E não dediquem a um país que não vos apoia incondicionalmente os vossos feitos. Dediquem-nos a vocês, porque ninguém o merece mais.

"Acho que a minha vida, da forma como abdico, não é recompensada."
Gustavo Lima

Xana
Maceira, 19 de Agosto de 2008


É o texto que eu gostava de ter escrito, Xana. Subscrevo tudo. Obrigada.
a

Hip design 1

It’s all about the shoes

Apresento-vos Giuseppe Zanotti


PS. Não se preocupem: barra lateral devidamente actualizada.
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Homenagens 37

A todos os atletas dos JO

Em particular, alguns (na verdade, todos) que não ganharam 8 medalhas de ouro, mas que fizeram jogos fantástico ou que pela sua vida atlética o merecem ou só porque eu quero. Hoje a natação porque já não há mais provas.

O Laszlo Cseh (um estilista de eleição que só não ganha porque existe um sr. que se chama Phelps) e a Kirsty Coventry (nadadora impressionante que apesar de ter só (?!) uma medalha de ouro, mas várias de prata, já tem um historial digno de nota. Já agora o Lezak que deu as 8 medalhas ao Phelps e o Grant Hackett que já vai nos seus 3ºs JO. Ao Kitajima que baixou os 59s nos 100m bruços e também ganhou os 200m. Ao Cavic que, nos 100m mariposa, deu tudo o que podia para impedir as 8 de Phelps. Ao Pieter van den Hoogenband, ao Nystrand, ao Rogan, à Marleen Veldhuis e à Therese Alshammar só porque eu quero.

E a todos os outros que me estou a esquecer.
a

Homenagens 36

Natação

Hoje foi um dia para lembrar para sempre: um dia em que na natação o Phelps já igualou o record do Spitz (e provavelmente ultrapassá-lo-á amanhã) e em que o velhinho (muito velhinho para natação – 1989) record da Janet Evans foi batido pela Rebecca Adlington.

Não há outro desporto assim…
a

Recomendações 29

Dane Cook


É um bocadinho hardcore.
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Apontamentos fugazes 104

Unforgettable



Call me corny, call me clichéd, but isn’t that why it is so incredible that someone so unforgettable thinks I am unforgettable too?
a

Homenagens 35

Jason Lezak



PS. Eu gostava de vos mostrar a prova mesmo, mas infelizmente todos os vídeos que encontrei no youtube foram retirados devido a uma “copyright claim by a third party”.
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Homenagens 34

Em reclusão voluntária

para JO. Nem preciso de puxar a brasa à minha sardinha. Não há desporto como a natação: nas quatro finais de ontem, bateram-se dois records do mundo e um (se não estou em erro) record olímpico.
a

Recomendações 28

É já amanhã que começam

e a minha irmã tem razão: os atletas não têm culpa que o Comité Olímpico tenha atribuído os Jogos a um país tão desumano. E não treinaram 4 anos para eu os castigar porque o Comité Olímpico errou.

A todos os atletas olímpicos e para-olímpicos: boa sorte! Ter-me-ão a torcer por vós.

Apontamentos fugazes 103

Insubstituível

Que contra-senso pode ser maior do que dizer que ninguém é insubstituível?
a

Pensamentos líquidos 89

Sobre os adultos que entretêm os miúdos

Acontece mais quando há calor e as praias estão repletas de famílias que disputam um lugar na areia, areia, um bocado de mar… e quando as crianças querem correr indefinidamente, fazer castelos e bolinhos de areia, fazer rodar moinhos e cavar buracos até ao outro lado do mundo. Há os pais, amigos ou adultos por perto. Aqueles que supostamente estão lá para “olhar pelos miúdos”, a fazer as vontades das crianças.

Mas estarão a fazer um frete?

Atentem bem a este tipo de situação. E tomemos agora um exemplo. Suponhamos que existe uma criança que quer construir um castelo e um pai que “olha por ela”. E normalmente com que é que nos deparamos? As crianças tentam construir os castelinhos com a lógica que entendem certa, mesmo que não compreensível aos adultos. E o pai? Normalmente o pai permite o início e depois começa a pensar estrategicamente sobre o castelo. Aquela torre não pode estar ali; pede ao filho para a tirar: insiste em colocar mais um muro resistente às invasões alheias; a certa altura a criança tornou-se uma mera ajudante do trabalho arquitectónico do pai e, à excepção de algumas crianças mais rebeldes, poucas hipóteses tem para além de obedecer. E é aqui que aparece um amigo adulto da família e é aqui que o pai mente com todos os dentes que tem na boca e diz ‘eh pá, estou aqui a entreter o miúdo, senão farta-se e depois não fazemos nada dele’. E há uma conivência entre os adultos. Anuem a estas afirmações. Sabem que já mentiram assim.

Os adultos ainda por aí reprimidos com esta necessidade de brincar. For god’s sake. Brinquem e não se desculpem. Não é vergonhoso! Todos querem brincar. Por isso brinquem.
a

Trivialidades 159

Vamos pensar em conjunto

papilas

pa – pilas

p’a – pilas

… não preciso de continuar a divisão silábica, pois não?
a

Trivialidades 158

Se eu fosse…

um sabor de gelado



um Super-herói



uma frase de engate

Apontamentos fugazes 102

Não há aconchego como o do edredão.
a

Apontamentos fugazes 101

Reminiscências de feminismo

« The men worked fifty, sixty, even seventy or more hours a week; the women worked all the time, (…)»

Philip Roth, «The plot against America», Vintage, pp. 3

Trivialidades 157

Já não está entre nós

Tenham cuidado quando utilizam a expressão. Pensa-se imediatamente que a pessoa faleceu… e com a brincadeira acabei de pesquisar no google o que tinha acontecido com o Cunego. Não tem graça. Não tem graça.
a

Poemas 27

Quero estar com quem não conheço

Estiveste perto de mim
E agora estou só
Neste frio da cama
Neste quente da cama
No aconchego triste
Que não soube fazer
Que não sabe esperar
Que chora sem lágrimas
Não tem que as secar
Eventualmente dorme
Sem convicção
Neste frio da cama
Neste quente da cama
Sozinho
Indelicado
Alheio
Que retira a vaidade
Das conquistas efémeras
E acorda a saudade
De ti
Neste frio da cama
Neste quente da cama
No aconchego incoerente
Que não soube existir
Que não sabe quem és
E que me ajuda a dormir
Neste frio da cama
Neste quente da cama
E depois me acorda
E recorda a visão
Que desvanecendo
Se arrasta
Por este frio da cama
Por este quente da cama
Que já me alertou
Que o aconchego que tem
É triste e doce
E não sabe a verdade
Da pessoa que trouxe???

[Maio de 2004]

Trivialidades 156

A arbitragem na Bielorússia

Sim, sim, eu sei. Este deve ser o vídeo mais postado de hoje, mas não resisto… eheheh



E já agora uma pergunta que me assola… ele está grávido ou tem problemas de rins?
a

Poemas 26

Chave

Será que na fechadura ainda cabe uma chave
ou estarei destinada a uma porta que não abre,
no torpor que me tolhe os movimentos lentos,
na incerteza dúbia de temores violentos;
durmo e acordo sem saber o que fazer
choro mas não choro com receio de escolher,
na fraqueza e cobardia de ter medo de errar
sem fazer esforço demasiado sequer para acertar.

[Julho de 2002]

Trivialidades 155

Trânsito e etiqueta

Tenho uma questão…
Se, quando se conduz, só se deve tirar a mão do volante para pôr mudanças, o que se faz quando alguém a conduzir precisa de se assoar? Ou tapar a boca enquanto tosse?
a

Recomendações 27

Foge foge bandido



O grande Manel Cruz, na sua experiência a solo “foge foge bandido”, que está à venda online: 2 CDs num livrinho.

Apontamentos fugazes 100

Uma anédoque é uma sinédoque feita por mim!
a

Trivialidades 154

Don't cry for Louie



Para um dos meus comentadores mais assíduos ;-)

Trivialidades 153

Master

Sabem aqueles interruptores que normalmente existem (visíveis) nos quartos de hotel e que ligam/desligam a electricidade do quarto? Aqueles cujo objectivo é garantir que se minimiza o desperdício de electricidade. Normalmente são denominados “master”.

Cada vez que entro num quarto com um desses interruptores, na minha cabeça ouve-se

Homenagens 33

Liza Minnelli’s Cabaret

Pensamentos líquidos 88

The ECB – Ten years on, beware a porcine plot

«(…)The performance of these countries [Mediterranean quartet of Portugal, Italy, Greece and Spain] has by no means been the same. In recent years France has grown modestly, Greece and Spain have boomed, but Portugal and Italy have been stagnant. Yet in broad terms, all have been misled by a similar fallacy. This was that they could make strenuous efforts to qualify for the Euro, slashing spending costs and holding down wages and other costs, and then relax as soon as they got in. in effect, the Mediterranean group (…) treated the adoption of the Euro as the end of their reforms when it should have been only the start.

From the Economist’s printed version, June7th
a

Trivialidades 152

O teclado é uma coisa suja

Venho de Londres. Curso de dois dias, viagem no dia seguinte, vou trabalhar, aparecem-me dois prazos que eu não conhecia e um deles para esse dia. Um dia normal, portanto. Saio tarde. Estou cansada. Uma viagem. Um trabalho sob pressão.

Chego a casa e percebo que me tinha esquecido de fruto fora do frigorífico. Não estava em bom estado. Seriam 8.30, talvez já perto das nove? Percebo que a cozinha precisa de uma limpeza. Raios. Dou por mim a descongelar o congelador. Fenómeno sempre penoso. O chão da cozinha inundado, eu com pedaços de gelados espalhadas pelo corpo. Bolas. São já dez e tal. Mas a casa de banho. A casa de banho parece-me suja. Não consigo parar. Tenho que lavar também a casa de banho. E aspirar. Aspirar. O chão tem pó. Estou, de certeza a ver pó. É pó. Lavo a casa de banho, arrumo roupa de duas viagens. Onze e tal, já muito perto da meia-noite. Mas tenho que aspirar. Há pó.

E decido aspirar. O resto. Porque já tinha aspirado os espaços que tinha lavado…

Chego perto do portátil. Que treta. Os teclados são coisas tão sujas. Vou aspirá-lo também. E foi aqui que, depois de ter um dia de trabalhos profissionais, domésticos e afins, por demais cansativo, aspirei o “j”.

ASPIREI O “J”!

E só houve uma solução. Acabar o dia (ou começar o seguinte) a chafurdar no saco do lixo à procura do “j”. Achei-o. Lavei-o.

E antes de ir dormir voltei a colocá-lo no meu teclado. Limpo.
a

Trivialidades 151

(Robin) Van Persie


One of Holland's Speedy Gonzalez.

Contos 22

Ciclo S - Bitter Sweet

Deixei-te escrito num papel perdido. Ideias soltas, emaranhadas de movimentos esperados. Mas não te queria esquecer nessa página escondida.


Quero lembrar-me agora do olhar intenso que me retirou a fleuma e me fez sentir culpada.
It’s a bitter sweet symphony when you talk. A tua dicção clara e elaborada faz entrar nos meus ouvidos as palavras que dizes como um canto perigoso de sereias. Uma canção encantada para serpentes, que me faz levantar com excitação contida.
Mas mesmo quando calado: a tua postura elegante, de casaco apertado e perna traçada numa posição confiante. Mesmo o teu corpo magro, aparentemente pouco forte, demonstra uma decisão evidente: definição.
It is a bitter sweet symphony. Quando fecho os olhos para te retirar do meu visor mental, mas onde sem te ver te encontro alojado nos meus desejos; construo-te mentalmente a partir de pontos ligados a linhas de cor. E, no entanto, os objectivos saem mais frustrados do que o possível: se não te vejo, crio-te à imagem da minha idealização.
It is bitter sweet. As imagens sensuais que transporto de ti. Imagens nuas, de provocação, inquietas, que me destabilizam mais do que deviam. Movimentos. Indecentes. Contagiantes. Explosivos. Acções. Penetrantes. Quentes. Reais.

Bitter… sex.
a

[Maio de 2008]

Homenagens 32

Martha Wainwright

Já recomendei e homenageei o irmão. Agora chegou a vez da Martha. Deixo-vos com o Bloody Mother Fucking Asshole. Martha Wainwright

Pensamentos líquidos 87

Sapatos altos 34

Se eu iniciasse uma petição para generalizar a comercialização de sapatos altos de número 34, alguém assinaria?

Eu aceito implorar… é que estou a ficar desesperada.
a

Apontamentos fugazes 99

Cinzenta

A única coisa cinzenta que não é aborrecida e desinteressante é a coisa mais importante de todas: a massa.
a

Trivialidades 150

Jogos de computador e pontuação

– O Pacman é um bacano…
– Mas olha que o Vírgul também. Está muito cool agora.
– Sabes quem é o irmão dele?
– Uhm…não…
– O Dois-Pont.

[Co-autoria identificada]
a

Apontamentos fugazes 98

Wishlist

Had I one wish and no one would ever die.

Homenagens 31

Paulo Sousa

Numa altura de Euro 2008, de Cristianos Ronaldos em mais anúncios publicitários do que se possa imaginar; numa altura em que parecem andar todos outra vez entusiasmados com a selecção de Scolari, eu quero fazer aqui uma homenagem sincera. Ao homem que ainda é o melhor trinco português que conheço e que foi dos melhores trincos do Mundo enquanto jogou – Paulo Sousa.

Apontamentos fugazes 97

– Vá, tens que relaxar. Pensa em coisas bonitas. Imagina passarinhos a chilrear, campos com flores.
– Estragaste tudo. Já espirrei.

Co-autoria Xana
a

Poemas 25

Existência

Há uma melancolia que me traz de volta a mim
e me agarra na impossibilidade de soltar um uivo
de prazer, de raiva, de excitação, de dor...
É uma melancolia solene num quotidiano indiferente
de robots desinteressados da sua vida coerente
de processos e métodos e objectivos e hábitos.

Há uma angústia na existência que me habita
e que sou eu a habitar-me a mim própria
numa causalidade que não identifica causa e efeito.
É uma angústia existencial nos dias em que não durmo
enquanto vivo e sou mais do que o que vêem
quando olham para tudo o que faço sem vontade.

Há um desassossego que me trespassa sem cuidado
e me deixa em farrapos alternados e disjuntos
para nunca me fazer encontrar comigo própria.
É um desassossego ridículo, inconstante e lúcido
que não sabe a imensa importância que tem
quando é a única verdade de que é feita a vida.

[Março de 2005]

Apontamentos fugazes 96

And so it is


[Barack Obama]


Just like I said it would be

Apontamentos fugazes 95

Quem não tem nada para dizer, está calado.
a

Apontamentos fugazes 94

Lleyton Hewitt

Mais um bocadinho e o Lleyton fazia a lágrima do canto do olho cair.

Ferrer 6 3 3 6 6
Hewitt 2 6 6 3 4
a

Trivialidades 149

Recordações dos American Gladiators



E agora de volta

Apontamento fugazes 93

Está-se certo ou tem-se razão?
a

Trivialidades 148

Ciclo guilty pleasures

Vingança
a

Trivialidades 147

Quero partilhar convosco umas palavras sábias de uma amiga minha

«Shit happens.»
a

Pensamentos líquidos 86

Há alturas em que a revolta é positiva

Vinha, de Frankfurt para Lisboa, a ler a Economist de há umas semanas atrás. E fiquei boquiaberta de choque, de revolta, de despeito durante minutos que não soube contar. Mas dentro da minha revolta houve um contentamento por eu não ser (não ser ainda, talvez) indiferente. Enquanto não se é indiferente, pode fazer-se muito. Coisas pequenas, talvez, mas fazer-se ainda. Se nada do que vou transcrever aqui é novo, a revolta a cada vez que episódios deste acontecem devia ser nova. E maior. Ruidosa.

Exactamente por não me sentir indiferente, decidi transcrever o artigo todo. À mão. Para não me esquecer do que li tão depressa. E para indignar todas as pessoas que visitarem este post. Devo avisar que o artigo é chocante. Nada de novo, é certo. Mas não sejam indiferentes.

«Atrocities beyond words

A barbarous campaign of rape

Everything in the Democratic Republic of Congo, a country almost the size of western Europe, is on a scarcely imaginable scale – including the violence. Among the most beautiful mountain vistas, terraced hillsides and lush tropical greens of eastern Congo, a bitter, decade-long civil war that officially ended in the rest of the country in 2003, and that has claimed several million lives as a result of fighting and disease, burns on in the eastern border provinces of Ituri, North Kivu and South Kivu. A ceasefire signed in the town of Goma in January between the government and more than a score of militias has so far done little to ease the plight of civilians in the east. All sides – government troops, says the United Nations, as well as the militias – continue to use rape as a weapon of war on a barbarous scale.

Most victims, as ever, are women and girls, some no more than toddlers, though men and boys have sometimes been targeted too. Local aid workers and UN reporters tell of gang rapes, leaving victims with appalling physical and psychological injuries; rapes committed in front of families or whole communities; male relatives forced at gunpoint to rape their own daughters, mothers or sisters; women used as sex slaves forced to eat excrement or the flesh of murdered relatives. Some women victims have themselves been murdered by bullets fired from a gun barrel shoved into their vagina. Some men, says a worker for the UNs Children Fund (Unicef), have been forced to simulate having sex in holes dug in the ground, with razor blades stuck inside.

Sometimes the motive is revenge for attacks by rival militias, sometimes it is ethnic cleansing and on other occasions an effort to undermine the morale of the enemy by spreading shame, injury and disease. The trauma and appalling injury suffered by women and men who survive such assaults cripple families and whole villages. Is eastern Congo up to 80% of reported fistula cases in women are thought to result from rape attacks. The epidemic of violence also spreads HIV/AIDS.

According to a report published in October by the UN secretary-general in an effort to get governments to do more to protect civilians caught up in this and another conflicts, in the first six months of 2007 there were 4 500 cases of sexual violence reported in South Kivu alone. As a rule of thumb in such situations, says the UN, for every rape that is reported, as many as ten or 20 cases may go unreported.

Rape in warfare is nothing new. Congo has long had a culture of violence and an almost non-existent judicial system. Though rape is supposedly illegal, often it is the victim who is shunned. Neither army nor militia commanders seem to see rape as a serious offence and so take no action against their marauding soldiers. Some fighters are said to believe that the rape of a virgin bestows invincibility in combat. But these are not random acts by misguided or crazed individuals, says the UN; they are a deliberate attempt to dehumanise and destroy entire communities.

(…)

The idea is to draw world attention to the plight of civilians, whose suffering is at least as extreme as anything witnessed in the better-publicised conflict in Sudan’s western region of Darfur. The hope is that outside governments, the African Union, the European Union and the United States may offer political and financial support. Since all UN members have promised to observe a fundamental “responsibility to protect” their citizens from war crimes and crimes against humanity, focusing world attention on such crimes in eastern Congo is perhaps the least outsiders can do.»

Versão impressa da Economist, 3 Maio

Trivialidades 147

Do que os alemaes dizem em alemao so percebo numeros. Snif. Snif. Snif.
a

Trivialidades 146

Rafa

Posso estar enganada, mas estou convencida que o Nadal já se habituou a jogar com dores. Muitas.
a

Momentos de poesia 12

Crise lamentável

Gostava tanto de mexer na vida,
De ser quem sou – mas de poder tocar-lhe…
E não há forma: cada vez perdida
Mais a destreza de saber pegar-lhe.

Viver em casa como toda a gente.
Não ter juízo nos meus livros – mas
Chegar ao fim do mês sempre com as
Despesas pagas religiosamente.

Não ter receio de seguir pequenas
E convidá-las para me pôr nelas –
À minha torre ebúrnea abrir janelas,
Numa palavra, e não fazer mais cenas.

Ter força num dia pra quebrar as roscas
Desta engrenagem que empenando vai:
– Não mandar telegramas ao meu Pai,
– Não andar por Paris, como ando, às moscas.

Levantar-se e sair – não precisar
De hora e meia antes de vir prà rua.
– Pôr termo a isto de viver na lua,
– Perder a «frousse» das correntes de ar.

Não estar sempre a bulir, a quebrar coisas
Por casa dos amigos que frequento –
Não me embrenhar por histórias melindrosas
Que em fantasia apenas argumento.

Que tudo é mim é fantasia alada,
Um crime ou bem que nunca se comete:
E sempre o Oiro em chumbo se derrete
Por meu azar ou minha Zoina suada…

Mário se Sá Carneiro, 1916, Paris

Pensamentos líquidos 85

“Black America”

Felizmente nem todos têm uma mente tão pré-concebida como o Sr. Watson. Vejam aqui um artigo giríssimo sobre as diferenças (e seus motivos) entre os African-American e os Latinos ou American. E como essas (não) diferenças se reflectem, por exemplo, nas remunerações.


[via Economist]

Trivialidades 145

Ciclo guilty pleasures

Adaptações, da BBC, em formato “série”, dos romances da Jane Austen.

a

Momentos de poesia 11

O pajem

Sozinho de brancura, eu vago – Asa
De rendas que entre cardos só flutua…
– Triste de mim, que vim de Alma p’rà rua,
E nunca a poderei deixar em casa…

Mário se Sá Carneiro, 1914, Barcelona

Apontamentos fugazes 92

Um mundo perfeito é aquele onde há sempre um culpado… e nunca sou eu.
a

Momentos de poesia 10

Ângulo

Aonde irei neste sem-fim perdido,
Neste mar oco de certezas mortas? –
Fingidas, afinal, todas as portas
Que no dique julguei ter construído…

– Barcaças dos meus ímpetos tigrados,
Que oceano vos dormiram de Segredo?
Partiste-vos, transportes encantados,
De embate, em alma ao roxo, a que rochedo?...

Ó nau de festa, ó ruiva de aventura
Onde, em Champanhe, a minha ânsia ia,
Quebraste-vos também ou, porventura,
Fundeaste a Ouro em portos de alquimia?...

………………………………………
………………………………………

Chegaram à baía os galeões
Com as sete Princesas que morreram.
Regatas de luar não se correram…
As bandeiras velaram-se, orações…

Detive-me na ponte, debruçado,
Mas a ponte era falsa – e derradeira.
Segui no cais. O cais era abaulado,
Cais fingido sem mar à sua beira…

– Por sobre o que Eu não sou há grandes pontes
Que um outro, só metade, quer passar
Em miragens de falsos horizontes ­
Um Outro que eu não posso acorrentar…

Mário se Sá Carneiro, 1914, Barcelona

Apontamentos fugazes 91

O escravo e o mestre

– O que é que um escravo imprescindível faz, Mr. Holmes?
– Negoceia, meu caro Watson, negoceia.
a

Recomendações 26

Maio de 68 no IFP

Começou ontem e vai acabar na próxima 6ªfeira, no Instituto Franco-Português, o ciclo «Maio de 68 no Cinema». Aconselho e chamo a atenção para dois filmes em concreto “Les Amants Réguliers” de Philippe Garrell e “Un film comme les autres” de Godard.
a

Trivialidades 144

O'Sullivan



Digam-me. Digam-me. Como é que eu posso gostar de um jogador de snooker que faz esta careta?
a

Pensamentos líquidos 84

Petição contra o Acordo Ortográfico

Tenho tantos motivos para me opor ao Acordo Ortográfico que nem me apetece explicar nenhum… mas, só para mostrar que tenho argumentos, e argumentos linguisticamente racionais, escolho um dos motivos: fonologia.

Escolhamos um exemplo: “acção”.

Em termos fonológicos, “acção” e “ação” são palavras diferentes. O fonema “a mais” na primeira palavra [c] existe para abrir a vogal anterior. As duplas consoantes, muito comuns no italiano (1), servem para isso. No português, isso é conseguido não só com duplas consoantes mas também com sucessões de consoantes, como [pt] (como em “baptizado”) ou [cç] (também como em “facção”). Ora, quando o [c] cai na palavra “acção” implica que o primeiro [a] passe a ser um [a] fechado como o segundo [a] de “faca”…

Foi fácil provar que não só fonologicamente as palavras “acção” e “ação” são diferentes como também o são foneticamente. E não me apetece muito dizer “ação”…

Com isto não quero dizer que a Língua portuguesa está perfeita e não deve sofrer evoluções. Isso seria idiota. Quero exactamente dizer o contrário. Provavelmente a palavra “inflação” foi um lapso e a palavra “correcta” deveria ser “inflacção” porque esta sim seria fonologicamente o que é foneticamente.

Decidi, propositadamente, não falar da etimologia aqui. É que, até um certo ponto no tempo, etimologicamente, o português de Portugal e o português do Brasil tiveram obrigatoriamente que ser iguais e depois as influências que sofreram foram necessariamente diferentes e, por isso, devem seguir rumos diferentes. Mas ao contrário do que algumas pessoas parecem achar, eu não acho isso nada negativo.

Por isso (e se ficaram sensibilizados com a minha argumentação), se quiserem, assinem a petição (Manifesto em Defesa da Língua Portuguesa, Contra o Acordo Ortográfico).

(1) A evolução da Língua Italiana para uma língua sem acentos não foi extemporânea: para o fazerem de uma forma lógica, em termos fonológicos, tiverem que dobrar consoantes para manter a equivalência fonética.
a

Trivialidades 143

– Como é que se chamam os habitantes de Quebradas?
(silêncio)
– Quebradiços!

Xana

Poemas 24

Até ao fim

Como se enchesse um balão
até ao fim.
Naqueles instantes intermináveis
em que está quase a rebentar
mas aguenta.
Até ao fim.

Já pensaram que o balão pode sufocar com tanto ar?

[Janeiro de 2007]

Trivialidades 142

Penso, a cada vez que nado bruços, que na minha vida anterior fui uma rã.
a

Pensamentos líquidos 83

Sobre o preço dos cereais

«In Haiti, protesters chanting “We’re hungry” forced the prime minister to resign; 24 people were killed in riots in Cameroon; Egypt’s president ordered the army to start baking bread; the Philippines made hoarding rice punishable by life imprisonment.
(…)
The prices mainly reflect changes in demand – not problems of supply, such as harvest failure. The changes include the gentle upward pressure from people in China and India eating more grain and meat as they grow rich and the sudden voracious appetites of western biofuels, which convert cereals into fuel. This year the share of the maize (corn) crop going into ethanol in America has risen and the European Union is implementing its own biofuels targets. To make matters worse, more febrile behaviour seems to be influencing markets: export quotas by large grain producers, money from hedge funds looking for new markets.
(…)
Usually, a food crisis is clear and localised. The harvest fails, often because of war or strife, and the burden in the affected region falls heavily on the poorest. This crisis is different. It is occurring in many countries simultaneously, the first time that has happened since the early 1970s. And it is affecting people usually not hit by famines.
(…)
But by almost any measure, the human suffering is likely to be vast. In El Salvador the poor are eating only half as much food as they were a year ago. Afghans are now appending half their income on food, up from a tenth in 2006.»

From Economist’s briefing “Food and the poor”, April 19th
a

Trivialidades 141

O inglês é o alemão de fonética suave e gramática simples.
a

Apontamentos fugazes 90

E o Padre diz:
– O corpo de Cristo, minha filha.
E ela diz:
– Só se for alto, com os abdominais aos quadradinhos e trapézio à mariposista, Sr. Padre.
a

Trivialidades 140

The best actors

playing troubled ones – Sean Penn
playing sickos – John Malkovich
playing serial-killers – Kevin Spacey
playing raging bulls – Robert De Niro
playing death – Brad Pitt
playing naughty sex freaks – William Baldwin
playing Tim Burton’s characters – Johnny Depp
playing dandies – Jude Law
playing Shakespeare – Joseph Fiennes
playing Kafka – Jeremy Irons

playing himself – Clint Eastwood
a

Trivialidades 139

Ciclo hunks – Jude Law


Apontamentos fugazes 89

Diz-me que desporto praticas, dir-te-ei quem és. a
a

Contos 21

Ciclo M - Objectivo forjado

Quando ele se debruçou inevitavelmente para a frente do carro daquela mulher, tinha a esperança secreta? de finalmente morrer naquele dia. O sofrimento havia deixado de ser suportável, ou nunca o fora? Não era muito corajoso envolver outra pessoa, era só um modo, uma desculpa, um instrumento de morte, mesmo que isso implicasse afectar tão inexoravelmente a vida de alguém, mesmo que isso criasse pesadelos constantes na vida de alguém que não queria morrer. Mesmo assim, naquele segundo, morrer às mãos de alguém, foi a única solução possível. Foi a única solução que ele estava disposto a assumir, cobarde consciente e consciencioso pelos que conhecia, os que sofreriam mais se o vissem esvaído em sangue após um tiro finalmente certeiro ou bamboleante numa corda enlaçada ao pescoço…
Quando o carro dela chegava tão perto de um homem que não medira os passos, o susto imediato não compreendeu o decisivo que poderia ter sido; a adrenalina que empurrou o pé direito do acelerador até ao travão em segundos instantâneos era alheia ao momento que separa a vida da morte. Ela não soube como parou o carro antes de bater naquele homem, foi uma reacção instintiva que salvou aquela vida, pensou… não foi uma condução particularmente atenta ou virtuosa, foi um reflexo feliz.
O momento em que os seus olhares se cruzaram pôs todavia em dúvida todas estas reflexões. Ela, apesar da escuridão de uma noite brumosa, viu nos olhos dele encandeados pelos faróis do seu carro uma necessidade não concretizada, uma infelicidade, uma… desilusão. Uma oportunidade não aproveitada. Ele viu nos olhos dela o espanto de ter reconhecido que a sua proeza admirável tinha provocado uma tristeza maior do que a sua vida.
Nos caminhos para casa pensaram se tudo tivesse sido diferente. Ele tentou imaginar-se morto e sentiu pena daquela mulher que sofreria por dias infinitos uma morte não evitada. Ela tentou imaginar que o tinha matado, como ele parecia querer, e pensou quão egoísta estaria a ser por desejar não o ter matado. Pensou como conseguiria suportar aquela morte se o tivesse feito, ainda que nunca a pudesse vir a saber intencional.
No final da noite, ela desejou havê-lo matado e ele ficou contente por ela ter evitado o acidente.

Alinhar à direita[Março de 2006]

Pensamentos líquidos 82

Comunicado aos condutores e BT

Eu posso andar irritadiça. Ou stressada. Posso. Mas vamos esclarecer umas coisas sobre o trânsito:

1. Quem não sabe conduzir, não deve conduzir.
2. Quem não conhece princípios cívicos, não deve conduzir.
3. Quem pára subitamente o carro sem assinalar, não deve conduzir.
4. Quem dá uma guinada sem olhar para o lado, não deve conduzir.
5. Quem engonha e deixa passar sinais verdes em vão, não deve conduzir.
6. Quem estaciona em segunda fila, deve ser multado pela polícia.

E, finalmente,

7. Quando a Brigada de Trânsito está perto de um colégio onde os pais estacionam em segunda e terceira fila, deve multá-los. Não deve ficar a olhar! Não me interessa que seja um colégio XPTO. Estão a impedir o trânsito!
a

Trivialidades 138

U. Leiria

Eu não quero ser chata. Não quero. Mas… mas… expliquem-me como se eu tivesse 3 anos… como é que o Sporting leva 4 do último classificado?
a

Apontamentos fugazes 88

Estoril Open

Com tantas pessoas para esbarrar em, não é que a mim me teve que calhar o Scolari.
a
João Sousa


My little Lleyton

Apontamentos fugazes 87

Sobre o Estoril Open

“Faz sentido, com este Federer cá, começa a época da lama."

Xana
a

Pensamentos líquidos 81

Campeonatos do Mundo de Natação (piscina curta)

Decorreram, na semana que passou, os Campeonatos do Mundo de Natação de piscina curta. Como sempre, o número de records do mundo ultrapassados é notável. 18, pois bem, DEZOITO.

Em ano de Jogos Olímpicos (JO), os Campeonatos da Europa e do Mundo são sempre “menos concorridos” porque um conjunto grande de nadadores escolhem não participar para garantirem que o seu pico de forma acontece, mesmo, nos JO. Por isso pensem sobre o assunto. Mesmo sem a mega-star Phelps, mesmo com a tentativa de reservarem o pico de forma para Agosto, o Lochte bateu 2 records do mundo em estilos, o Felicity Galvez um em mariposa, a Kirsty Coventry (sem dúvida, a menina dos Campeonatos) nos 200m e 400m estilos e nos 200 costas…

Acho que já escrevi isto algures. Reitero e repito: a natação é, de momento, o desporto mais competitivo, com uma evolução mais notável, e com um espírito mais saudável.

NOTINHA: A natação começa, nos JO, dia 9 de Agosto.

a

Pensamentos líquidos 80

Liberdade de movimentos na UE

Da última vez que pedi para me marcarem uma viagem para Londres, fui surpreendida quando, uns dias depois, me exigiram fotocópia do passaporte. Entreguei, na altura, porque tinha mais do que fazer do que pensar muito na situação. Mas, agora, que volto a pensar no assunto, há algo em mim que se arrepende.

Um dos princípios básicos da UE, o mercado único, estabelecido no Tratado de Maastricht, é a liberdade dos movimentos de pessoas. Nada me obriga a ter um passaporte para me deslocar a Inglaterra. Se bem que ainda não tive o tempo necessário para averiguar verdadeiramente a situação, se esta “exigência” é mesmo verdade, então é uma violação tremenda do Tratado.

Já não bastava eles estarem fora do Espaço Schengen?

a

Frases falhadas 5

Vou sair às 3.15 porque tenho que ir a uma conceição.

[Tentativa de dizer “Vou sair às 3.15 porque tenho que ir a uma consulta”]
a

Homenagens 29

Xutos e Oioai - Pertencer

Trivialidades 137

É oficial. Não gosto deste Davydenko.
a
Onde é que encarceraram o jogador sem graça, sem peso nas bolas e com um "téniszinho" que não fazia entusiasmar ninguém?
a

Homenagens 28

Pearl Jam – Soon forget



O melhor exemplo daquilo que nunca seria um single, mas que vale tanto… mais.
a

Homenagens 27

Meryl Streep



Pensamentos líquidos 79

A sétima (?) arte

Podem não ter reparado, mas não me debruço muito sobre o cinema no blog. Não por não gostar; apesar de não ser cinéfila, a sétima (?) arte tem todo o meu apreço. Falei-vos, por vezes, da minha simpatia natural pelo cinema francês (muito por motivos de estética, julgo eu), da minha simpatia construída pelo cinema espanhol…

E tudo faz sentido. O cinema europeu é, na generalidade, muito mais “cru” do que o cinema de Hollywood. E, para mim, avaliar um filme resume-se a muito pouco (comparado com o que Hollywood considera): argumento (peso enoooorme no argumento), performance dos actores (peso muito grande), realização (peso grande) e fotografia (peso médio). Tudo o resto provoca-me largos bocejos, principalmente os efeitos especiais.

Uma vez li que o Pedro Almodóvar se considerava um artesão do cinema. É desse cinema feito à mão de que gosto. É um cinema de pessoas e palavras. De relações e de frases. De imagens e de textos.

Por isso, agora penso. Não tenho bem a certeza porque chamam sétima à arte do cinema. Esta designação tornou-se comum apenas porque, em 1911, no “Manifesto das Sete Artes” Riccioto Canudo, a denominou assim. Supostamente porque compreende todos os elementos das outras artes e o sete é o número da completude(1) (e perfeição!). Mas a simbologia do número sete é tão forte, que me pergunto… não será por acharem que é a arte perfeita?

É que se for isso, quero deixar de utilizar a designação. Não só o cinema não é mais perfeito do que qualquer outra arte, como é muito mais a composição das outras artes do que uma arte nova. Juntem argumento (literatura) à representação (teatro) à banda sonora (música) ao movimento, à direcção (coreografia), façam acrescer coisas muito pouco artísticas (como os efeitos especiais) e temos o cinema.

Por isso não sei… acho mesmo que vou ter que deixar de dizer “sétima arte” quando me refiro ao cinema.

(1) Há uma dúvida que me assola… onde é que o cinema tem “a característica” de volume/tacto que vem da escultura? É que não me faz sentido. Nem sequer a da pintura. Vejo muito pouco de artes plásticas no cinema.

PS. Para não acharem que me estou a armar em intelectualoide elitista, posto a seguir a minha homenagem à diva da representação de Hollywood.
a

Frases falhadas 3 e 4

É pena é teres que levar cabelo.

[Tentativa de dizer “É pena é teres que levar computador”]

Não falo mais convosco durante o nariz.

[Tentativa de dizer “Não falo mais convosco durante o almoço.”]
a

Trivialidades 136

Irritantezinhas

São aquelas pessoas que pa(i)ram numa passadeira mas não querem passar.
a

Trivialidades 135

Identidades

Ter férias = mentira
Regressar ao trabalho = verdade
a

Trivialidades 134

Turn-off

Ao sair do ginásio reparo que está a dar o Prison Break na televisão. Uhm. Scofield, Scofield. Apresso o passo até chegar a casa. Scofield, Scofield. Arremesso as coisas até chegar ao comando, ligo o televisor. A Sic Notícias; Scofield, Scofield. Finalmente chego à RTP 1.

Não acredito: agora é o Tony Carreira.
a

Frases falhadas 2

2008-02-2006

[Tentativa de data 2008-02-26]
a

Trivialidades 133

- Hey, what you’re eating?
- Just Br[e]ad
- Too bad it’s not Pitt.
a

Pensamentos líquidos 78

UK vs USA

Posso começar com o famoso «as sondagens valem o que valem», mas se se tiver em atenção as limitações que lhes são inerentes, podem sempre resultar em análises interessantes. E neste caso, o que é que temos? Uma avaliação das semelhanças e das diferenças entre Britânicos e Norte-Americanos em relação a temas-base, como os valores, a religião ou as acções militares. Se a hipótese nula for que a ligação que une estes dois conjuntos de estados é forte então, com esta sondagem, temos uma notável rejeição de H0.

Convido-vos a ler o artigo da Economist e a enlarge the [other] picture que contém o detalhe das perguntas feitas e das respostas recebidas. É interessantíssimo.




Agora, do que a minha experiência pode comentar, digo-vos que não há cidade alguma em que me sinta tão “livre” como em Londres. Londres é o verdadeiro melting pot dos livros de inglês do 5º ano; onde a diferença interessa pouco e muito, simultaneamente. Pouco porque, na generalidade, não levanta questões; mas muito porque as diferenças são aceites e respeitadas. Em Londres, um casal homo ou heterossexual de mão dada é só um casal de mão dada, não há mais nada a comentar (nem em São Francisco é assim, onde a sensação de ghettos, mais ou menos chiques, prevalece). Em Londres, um punk de cabelo rosa e 25 piercings é só mais uma pessoa.

Se, em Londres, confesso nem sequer ser ateia porque o ateísmo já é uma negação e eu nem sequer tenho um deus para negar, dizem talvez ser uma discussão filosófica interessante. Nos EUA, dir-me-iam «oh, my poor girl, your soul will burn in hell for that heresy».

Quando chego a Londres, apesar dos apertados controlos de segurança que roçam muitas vezes o insuportável, não me sinto uma terrorista. À entrada nos EUA, consigo imaginar pessoas a confessarem horrores que nunca cometeram só para não se sentirem tão mal por serem “estrangeiros”.

É curiosíssimo, de uma sociedade que se julga “tradicionalista”, a Inglaterra representada em Londres é do mais liberal (não gosto nada de utilizar esta palavra, mas sinceramente não me lembrei de uma melhor) que se possa conceber.

E por aqui me fico. Já escrevi demais quando, na verdade, só vos queria dar a conhecer o artigo. Mas as palavras brotam. Nestas coisas. Nestas coisas.
a

Trivialidades 132

Federerzinho

Se estão habituados a ouvir os comentários na Eurosport em português ou na SportTV, sabem que, mesmo não querendo têm acesso a toda uma panóplia de informação que muitas vezes gostariam de não ter. Desde o novo namorado (francês) da Laure Manaudou ao filho to be do Federer.

Quando vemos entertainment wrestling, a minha irmã costuma dizer-me que eu leio as revistas negras do WWE; mas, digo-vos, isso não é nada perto das revistas cor-de-rosa que os comentadores desportivos lêem.

Recomendações 25

Teachers

Podem começar por relativizar se tiverem em atenção que a minha simpatia especial por séries inglesas. Podem ser comédia, drama,… mas se forem inglesas, eu admito, há logo qualquer coisa que me empurra para elas.

Anyway, podia aproveitar para vos falar de várias séries inglesas que vi com atenção especial; séries como o “This life” ou o "Queer as Folk". Mas desta vez quero falar-vos de uma série que passa agora na Sic Mulher, série que curiosamente já terminou há algum tempo no Reino Unido, mas que só agora é transmitida em Portugal (se não estou em erro, a série 3) – Teachers.

E porque é que vos quero falar dela? Porque é giríssima. Blasting fun.

Quando vos apetecer… é por volta da meia noite.

PS. HELP: Como é que se resolve um problema de formigas?
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Pensamentos líquidos 77

Tibete e JO 2008

O Presidente do Parlamento Europeu pronunciou-se a favor do boicote dos Jogos Olímpicos caso a China mantenha a sua posição em relação ao Tibete. Eu percebo e concordo com a sua opinião. Agora.

Mas pergunto-me.

Como é que a China ganhou a candidatura para poder realizar os JO2008? A mim, parece-me que a quebra sistemática dos direitos humanos era mais do que suficiente para isso nunca acontecer. Nunca.

Por isso.

Eu adoro, adoro. Adoro JO. Era capaz de passar aquelas semanas sem fazer mais coisa nenhuma. Ver só, insistentemente, todas as modalidades de que tanto gosto. Mas eu tenho esta terrível mania que, reconheço, só me prejudica a mim. Chamemos-lhe princípio. Se as coisas continuarem assim, eu sou rapariga o suficiente para não ver um segundo do que se passar no raio daquele país.

Porque eu não me esqueço. Pode ter começado em 1950. Mas sem me lembrar, não me esqueço. Eu sei como o Tibete foi invadido pela China.

PS. Não me entendam mal. Respeito todos os chineses que não partilham daquela tirania violadora de direitos humanos, ou não fossem eles os focos dessa violência. Só quero que as coisas lhes corram suficientemente mal para que o mundo lhes caia em cima.
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Apontamentos fugazes 86

Dicas de sobrevivência

Be a heartless, cold bitch.
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Trivialidades 130

Puriçolha - espécie animal semelhante ao papa-formigas.
[Co-autoria da Q.]
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Trivialidades 129

Tang

- Lembras-te daquele filme do Van Damme, aquele, em que ele faz um sidekick perfeito ao pescoço do outro?
- Não preciso de me lembrar do filme. Há sempre essa cena nos filmes dele.
- E já reparaste que é sempre contra um rapaz oriental, normalmente tailandês?
- Claro, um com o cabelo rapado, à excepção de uma porção no cocuruto de onde nasce uma longa trança.
- Exacto. Invariavelmente chama-se Tang.
- Mestre em Muay Thai, certo?
- Claro que não. Tem que ser em Sumo.

[Co-autoria do J.]
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Apontamentos fugazes 85

No cause is worth dying for.
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Trivialidades 128

Tributo aos taxistas londrinos

Adooooooro andar de táxi em Londres. Na generalidade, os taxistas não só me deslocam do sítio onde estou para o sítio para onde quero ir, como me proporcionam uma conversa agradável, se eu quiser. E, normalmente, com os taxistas londrinos, eu quero. Mas de entre os muitos de quem já tive o prazer de fazer uma corrida (que trocadilho engraçadíssimo, clap, clap, clap para mim), quero prestar o meu tributo ao senhor de 40 anos que quer passar o resto da vida dele em Ibiza. Infelizmente não soube o seu nome. Mas foi o único que me disse

I mean, you know, is that your English is excellent. Much better than mine, darling.

E eu fiquei, assim, contente contente contente. Ele não sabe, mas foi dos melhores elogios que me podia fazer. Agora, dado que ele me pediu para me lembrar dele no dia seguinte quando acordasse e visse o céu azul, o sol resplandecente, vou fazer outra coisa. Vou deixar-lhe aqui o meu agradecimento público.

PS.
Love, hope your wife does not really elope with José.