Poemas 41

A joke
a
A joke,
Helpless, hopeless,
In a black hole
Falling, crawling
To the end
a
[Julho de 2010]

Apontamentos fugazes 176

Sobre o mundo sem Deus

“(…) «Mas então, como é que o homem vai viver?», pergunto-lhe eu, «sem Deus e sem a vida eterna? Nesse caso, tudo será permitido, não é?» « E não sabias disso?», diz ele.”

“ (…) A mim, é Deus que me atormenta. Só isso me atormenta. O que será se Ele não existir? E se o Rakítin tiver razão e esta ideia da humanidade for artificial? Nesse caso, se Ele não existir, o homem é o dono da terra, do universo. Magnifico! Simplesmente, como será virtuoso o homem sem Deus? (…) Agora, o que mais me espanta é as pessoas viverem sem pensarem em nada disto. Vaidade! O Ivan não tem Deus. O Ivan tem a ideia. De uma dimensão diferente da minha.”

«Os irmãos Karamázov – Volume II», Fiódor Dostoiévski, Editorial Presença, pp. 309 e 311
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Pensamentos líquidos 106

Número de reclusos nos EUA

É “natural” que, num estado de direito, quem cometa uma ofensa criminal grave seja privado da sua liberdade durante um período de tempo. Foi o modo acordado para lidar com ofensas sérias aos direitos de outros. E, julgo, faz sentido. Se por um lado, há que haver um conjunto de regras que estipule o que é e não permitido a uma vida em sociedade, por outro, há que haver um modo de as tornar efectivas. Adicionalmente, quando alguém põe em perigo a vida em sociedade (e a vida de outros em particular) de um modo de tal forma grave que se considera não ser prudente deixá-lo livre, então, julgo, faz sentido, restringir as acções dessa pessoa, designadamente através da sua prisão. Mas não faz sentido encarcerar pessoas que cometem pequenos delitos só porque politicamente se querer mostrar quão duro se é contra o “crime”. E muito menos faz sentido fazer cumprir uma pena ilógica. Leiam, a este propósito, este artigo no Economist sobre o número de reclusos nos EUA. Chamo a atenção, em particular, para o primeiro parágrafo que seria hilariante de tão ridículo, se não se estivesse a falar de privar pessoas da sua liberdade física.


«IN 2000 four Americans were charged with importing lobster tails in plastic bags rather than cardboard boxes, in violation of a Honduran regulation that Honduras no longer enforces. They had fallen foul of the Lacey Act, which bars Americans from breaking foreign rules when hunting or fishing. The original intent was to prevent Americans from, say, poaching elephants in Kenya. But it has been interpreted to mean that they must abide by every footling wildlife regulation on Earth. The lobstermen had no idea they were breaking the law. Yet three of them got eight years apiece. Two are still in jail.»
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The Economist, artigo supra-referido
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Apontamentos fugazes 174

Quero tanto escrever. O mundo todo nas minhas palavras.
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